Chuva Universidade Federal de Minas Gerais - Avenida Presidente Antônio Carlos - Pampulha, Belo Horizonte - MG, Brasil
Postado em 16 de abril de 2019 / 689

I
Chuva nos meus olhos

não eram lágrimas.

Era a alma sangrando,

escorrendo

rosto abaixo.

 

Um rio em luto, dolorido.

Desaguando,

da ferida e dos pêsames,

nas pontas

do sorriso – falecido.

 

O choro não era pranto;

não só pranto…

Parecia tanto

que não lhe cabia em si.

Por isso transborda, transborda…

Da alma,

do peito,

dos cantos

dos olhos.

 

II
Chuva, nos meus olhos,

não eram lágrimas ―

um dia eu disse.

Ah! Quanta besteira…

Quanta resistência

em vestir a dor.

Quanta resistência

em assumir lágrimas!

Que vergonha é essa

de abraçar

a tristeza?

Que vergonha é essa

de disfarçar ― na metáfora

― o choro,

se até o céu acinzenta?

Se até as nuvens

choram?

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