Quando somos quase como deuses Faculdade de Letras da UFMG (Fale) - Avenida Presidente Antônio Carlos - Pampulha, Belo Horizonte - MG, Brasil
Postado em 15 de abril de 2019 / 791

E, nesses dias de chuva,
quando o sol não surge,
seguimos como corpos frios,
vazios
para mais um dia.

Já não me acho
nos rastros
que deixei pelo caminho.

Encaro uma poça d’água
e o que vejo é vazio.
Cada traço invisível seu
me desenhando nas entranhas.
Não me reconheço.

Uma gota toca meu rosto.
Olho em volta e me percebo vivo.
Descubro-me nos vãos da rotina:

as flores caindo
e tocando o chão
sou eu;
a chuva triste
molhando as coisas
sou eu;
a brisa leve,
o cheiro melancólico das plantas,
do asfalto úmido
sou eu…

A sensação de infinito não se sustenta mais que alguns segundos.
Volto a ser tão só um corpo;
e sigo meu destino.

Gosto desses momentos que não sabemos explicar,
dos pequenos infinitos.

Quando somos quase como deuses.

Victoria Santana

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